quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

A PARABOLA DO SERVO QUE NÃO QUERIA PERDOAR. Mt.18:21-35

(Antes de você prosseguir com a leitura, quero que saiba, que este esboço foi escrito de modo que eu tivesse uma linha de raciocinio a seguir, logo aos teu olhos ele pode parecer incompleto, portanto convido voce a aprimorar dentro de sua necessidade.) 

1. Por que Jesus contou esta parábola?

Jesus contou esta parábola para responder a pergunta de Pedro sobre quantas vezes devemos perdoar o irmão ofensor.

2. Qual era a ideia rabínica de quantas vezes tem que perdoar o ofensor?

Os ensinamentos rabínicos diziam que deveriam perdoar o ofensor até três vezes.  William Barclay cita em seu comentário o rabino José Ben Hanina que dizia: "quem roga a seu vizinho que o perdoe não deve fazê-lo mais de três vezes", e o rabino José Ben Jehuda que dizia: "Se alguém cometer uma ofensa uma vez, perdoam-no, se cometer uma ofensa pela segunda vez, perdoam-no, se cometer uma ofensa pela terceira vez, perdoam-no, se a cometer pela quarta vez, não o perdoam." Eles baseavam seu ensino em Jó.33:29,30; Am.1:3,6,9,11,13; 2:1,4,6.

3. Qual era a ideia de Pedro sobre quantas vezes deve perdoar o ofensor.

Me parece que Pedro esperava ser elogiado por Cristo, visto que ele estava excedendo a justiça rabínica, pois enquanto eles diziam para perdoar três vezes, ele estava falando de sete vezes.

4. A resposta de Jesus a Pedro.

Jesus diz a Pedro que ele não deveria perdoar apenas sete vezes, mas sim setenta vezes sete. Jesus não está dizendo que o número máximo de perdão que devemos dispor ao ofensor é de quatrocentos e noventa vezes, mas perdoar infinita vezes, como disse Pentecost (2022, pag.388), “para a mente judaica, isso significa um número incontável”.

5. Jesus começa a dizer como se deve viver a questão do perdão no Reino dos Céus.

Jesus conta a história de um homem que devia dez mil talentos, e que apesar de sua enorme dívida foi perdoado pelo seu senhor.

5.1. A dívida.

A divida era enorme, dez mil talentos. Segundo a SBB a maior unidade monetário do NT é o talento. Um talento equivaleria entre 30 a 35 quilos de prata e valia certa de 6 mil denários, ou seja, a dívida era de 60 milhões de denários. O estudioso bíblico John R. Donovan relata que um único talento era equivalente ao salário de 15 anos de um trabalhador comum, ou seja, o devedor devia 150 mil anos de trabalho. Apenas para termos mais um quadro para comparação, William Barclay diz que a dívida “era superior ao imposto total da  Iduméia, Judéia e Samaria que somava só 600 talentos (levaria 16,5 anos); o imposto total de uma província rica como Galiléia, só chegava a 300 talentos” (levaria 33 anos).

5.2. A dívida do conservo.

A dívida do conservo era de “apenas” 100 denários. Se fazermos uma comparação em dias de trabalho, o primeiro devedor devia 54 milhões de dias de trabalho, e, o segundo devedor 100 dias de trabalho, o que equivale que para cada dia que o segundo devedor devia, o primeiro devia 540 mil dias (1.500 anos).

6. Aplicação da parábola.

6.1. Deus nos perdoou de uma dívida incalculável.

6.2. Todas as dividas dos homens contra nós, não é nada diante do que devíamos a Deus.

6.3. A medida padrão para perdoarmos nossos devedores não é humana e terrena, mas sim divina, vs. 22, 33.

Sobre o v.22, Buttrick (Beacon, 2014, pg.132), diz “Podemos fazer a conta ‘em nossa mente’. Mas essa é uma aritmética celestial: ‘devemos fazê-la em nosso coração”, e Hendriksen (2010, pg.246) diz “Ele faz isso para mostrar que o espírito do genuíno perdão não conhece fronteiras. É um estado de coração, não matéria de cálculo”, Broadman (1983, pg.232) diz que “o verdadeiro significado da resposta de Jesus é encontrado apenas quando a pessoa a vê como o reverso da velha lei de vingança, como fora expressa por Lameque (Gên. 4:23,24). Cita-se que Lameque disse as suas duas esposas: ‘Matei um homem por me ferir, e um mancebo por me pisar. Se Caim há de ser vingado sete vezes, com certeza Lameque o será setenta e sete vezes.’ Jesus apresenta o reverso da lei da vingança de Lameque. Em vez de vingança infindável, o discípulo deve praticar perdão interminável

6.4. A falta de perdão aos nossos devedores:

6.4.1. Faz mal a nós. “O entregou aos carrascos”, aqui e o grego basanistai, deriva-se do verbo basanizõ, o qual se usa para descrever doenças, Mt.4:24; 8:6 e circunstancias adversas, Mt.14:24

6.4.2. Faz mal a família. Ele foi preso, quem iria sustentar a sua família?

6.4.3. Faz mal para aqueles que estão próximos de nós. “vendo seus amigos o que havia acontecido, ficaram muito tristes” v.31

6.5. O perdão deve produzido em nosso intimo, v.35.  

Wiersbe (2019, pg.86), diz que “Jesus não estava ensinando um perdão indiferente e superficial. O amor cristão não é cego, Fp.1:9,10”. Broadman (1983, pg.233) diz que “o perdão precisa ser de coração. A obrigação do discípulo é perdoar incondicional e ilimitadamente. Essa obrigação não é governada pela matemática, mas por uma disposição que provem de Deus”.

6.6. No texto fica implícito o que Jesus já tinha dito na oração do Pai Nosso, que a condição para sermos perdoados é perdoarmos, Mt.6:12.

 

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