quarta-feira, 15 de maio de 2024

QUAL O SIGNIFICADO DA ORDEM DE MELQUISEDEQUE?

 


QUAL O SIGNIFICADO DA ORDEM DE MELQUISEDEQUE?

Por Saulo Amorim

TEXTO BÍBLICO: Hebreus 7.1-3

“Esse Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, encontrou-se com Abraão quando este voltava, depois de derrotar os reis, e o abençoou; e Abraão lhe deu o dízimo de tudo. [a] Em primeiro lugar, seu nome significa “rei de justiça”; depois, “rei de Salém” quer dizer “rei de paz”. Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre”

SUBSÍDIO DIDÁTICO

Melquisedeque aparece do nada, sem antecedentes e sem explicações. Abraão encontra com ele e se verga diante dele, e lhe paga o dízimo de tudo quanto tinha consigo. Melquisedeque abençoa a Abraão. Então, assim como veio, ele vai, sem deixar vestígios. Mais tarde, séculos depois disto, Melquisedeque aparece nos Salmos, quando, também do nada, se diz que o Senhor jurou que Seu Enviado seria feito Sumo Sacerdote, segundo a Ordem de Melquisedeque. Somente isto e nada mais. Afinal, quem é Melquisedeque? Seria um ser humano? Seria um anjo? Ou se trata do próprio Cristo?

INTRODUÇÃO

Quero expressar minha gratidão ao Pr. Enilson Hendrick e aos demais administradores deste seleto grupo pelo privilégio a mim concedido de colaborar com o resumo do tema deste dia. Também de antemão, já peço perdão, tanto pelas lacunas que eu tenha deixado na estrutura do texto quanto também pelos erros ortográficos.

Estarei dividindo este resumo nos seguintes tópicos:

1 – TEXTOS BÍBLICOS QUE FALAM DE MELQUISEDEQUE.

2 – QUEM FOI MELQUISEDEQUE.

2.1 – INFORMAÇÕES BÍBLICAS SOBRE MELQUISEDEQUE.

2.2 – SUPOSIÇÕES, TRADIÇÕES, ESPECULAÇÕES SOBRE MELQUISEDEQUE.

3 – INTERPRETANDO MELQUISEDEQUE.

3.1 – MÉTODO RABÍNICO DE INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS.

3.2 – INTERPRETAÇÃO DO ESCRITOR AOS HEBREUS SOBRE MELQUISEDEQUE.

3.3 – DIFERENÇAS ENTRE A ORDEM DE MELQUISEDEQUE E A ORDEM AARÔNICA.

3.3.1 - Primeira diferença – A ordem aarônica dependia da genealogia, e ordem de Melquisedeque das qualidades pessoais.

3.3.2 – Segunda diferença – A ordem aarônica é temporal, a de Melquisedeque é atemporal.

3.3.3 – Terceira diferença – A ordem aarônica recebia os dízimos, Levi em Abraão pagou o dizimo a Melquisedeque, (Hb.7:4-10)

3.3.4 - Quarta diferença – A ordem de Melquisedeque foi estabelecida por juramento divino, a aarônica pela lei

4. CONCLUSÃO.

5. BIBLIOGRAFIA.

 

1 – TEXTOS BÍBLICOS QUE FALAM DE MELQUISEDEQUE.

Gn.14:18; Sl.110.4; Hb.5.6,10; 6.20; 7.1,10,11,15,17

2 – QUEM FOI MELQUISEDEQUE.

2.1 – INFORMAÇÕES BÍBLICAS SOBRE MELQUISEDEQUE.

As informações que são dignas de confiança, são aquelas apresentadas nas Escrituras, Gn.14:18, nos traz quatro informações sobre Melquisedeque:

·        Ele era rei de Salém.

·        Ele era sacerdote do Deus Altíssimo.

·        Ele recebeu o dizimo de Abraão.

·        Ele abençoou a Abraão.

O escritor aos Hebreus, no capítulo 7 dos versículos 1 ao 3, nos apresenta dez observações sobre Melquisedeque, sendo que quatro são repetições das informações em Genesis.

·        Ele era um rei.

·        Ele era um sacerdote.

·        Ele encontrou com Abraão.

·        Ele abençoou a Abraão.

·        Ele recebeu dízimo de Abraão.

·        Ele era rei de justiça.

·        Ele era rei da paz.

·        Ele não tem pai, mãe ou genealogia.

·        Ele não tem princípio nem fim de dias.

·        Ele é comparado ao Filho de Deus.

2.2 – SUPOSIÇÕES, TRADIÇÕES, ESPECULAÇÕES SOBRE MELQUISEDEQUE.

Temos também algumas informações extra bíblicas, que na verdade, não passam de especulações sobre Melquisedeque. Vejamos:

Kistemaker (2013, p.261) nos informa[1] que escritores judeus (Talmud, vol.3) identificam Melquisedeque com Sem, filho de Noé, que pode ter sido contemporâneo de Abraão (Gn.11.11). A Chumash, assim traduz Gn.14.18 “Malkitsedec, rei de Shalem (que era de fato, Shem, o filho de Noach), trouxe pão e vinho (como demonstração de que não estava zangado com Avram por ele ter matado o povo de Elam, seus descendentes). Ele era um sacerdote de D’us, o Altissimo.”

Guthrie, (2020, p.145), cita uma antiga tradição samaritana que sustentava que Melquisedeque foi o primeiro sacerdote do monte Gerizim.

Pentecost, (2021, p. 172), levanta a questão que é frequentemente debatida que Melquisedeque era uma teofania, uma manifestação pré-encarnado de Jesus. Coelho Filho, (2012, p. 156), afirma “que alguns dos primeiros teólogos[2] da igreja (chamados de “pais da igreja”) chegaram a mostrar Melquisedeque como uma manifestação do Jesus pré-encarnado”.

Eleutério, (2015, p.142), diz que “contudo, ao invés de outros momentos da tradição cristã, Melquisedeque não é apresentado como prefiguração de Cristo, mas como personificação do Espírito Santo”[3]

Na literatura de Qumran (11QMelchizedek), Melquisedeque é identificado como um guerreiro de Deus, ele é um anjo, patrono principal, que luta em nome dos filhos da luz contra Belial na grande guerra escatológica.

3 – INTERPRETANDO MELQUISEDEQUE.

Pudemos notar acima (de modo resumido), que há muitas especulações sobre Melquisedeque, mas como interpretar de maneira correta esta figura que é de suma importância dentro da teologia do escritor aos Hebreus?

3.1 – MÉTODO RABÍNICO DE INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS.

Para entender a interpretação que o escritor aos Hebreus dá sobre a pessoa de Melquisedeque, se faz necessário lembrar de como os sábios judeus interpretavam as Escrituras.

Primeiro, para o judeu erudito, toda passagem da Escritura tinha quatro significados aos quais se davam quatro nomes diferentes.

·        Em primeiro lugar o peshat que é o sentido literal e real.

·        Em segundo lugar o remaz que é o significado sugerido.

·        Em terceiro lugar a drash: o resultado depois de uma longa e esmerada investigação.

·        Finalmente o sod que é o sentido alegórico ou interno.

William Barclay (1982, p.71), diz que:

 “... é um fato que para o judeu o significado mais importante era o sod: o sentido interno, alegórico e místico. O judeu não se interessava tanto no sentido óbvio, literal, histórico e empírico de uma passagem como no alegórico e místico que se podia solicitar do mesmo. O sentido mais importante era aquele que se podia ler na passagem e este sentido interno podia carecer obviamente de toda conexão com o sentido literal do relato. Era absolutamente permissível — de fato era a prática regular — tirar as frases fora de contexto para ler nelas significados que nós consideraríamos fantásticos e absolutamente injustificados.”

Em segundo lugar, um interprete judeu não considerava na sua interpretação apenas o que estava “expresso” no texto, mas também aquilo que era considerado “silêncio” no texto, ou seja, o interprete judeu considerava aquilo que o texto dizia como também o que o texto não dizia.

3.2 – INTERPRETAÇÃO DO ESCRITOR AOS HEBREUS SOBRE MELQUISEDEQUE.

No capítulo 7, é visível na escrita do autor, o método rabínico de interpretação, e, ele o faz para mostrar a superioridade da ordem de Melquisedeque em relação à ordem aarônica. Vejamos:

“sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida”, nota que o autor lança mão do que as Escrituras não dizem, do silencio, visto que o livro do Gênesis não traz a genealogia de Melquisedeque, nem o dia de sua morte. Kistemaker (2013, p.257), diz “não devemos tomar esse versículo literalmente, pois o autor, raciocina a partir do silencio (Gn. 14.18-20)”. Flanigan (2001, p.167), comentado sobre os três primeiros versículos de Hebreus 7 diz: “o longo período que abrange estes três versículos é formado de fatos tirados do Gn. 14, e de observações e comentários do escritor sobre estes fatos, e também da interpretação inspirada dos silêncios e das revelações daquela narrativa de Genesis”. Wiersbe, (2019, p.388), diz que “o autor de Hebreus usa um argumento baseado no silêncio, mas que, ainda assim, não deixa de ser válido”.

O escritor aos Hebreus lança mão do silêncio das Escrituras para apresentar aos seus leitores diferenças entre o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque e o sacerdócio aarônico, mas, o autor também vai usar as informações históricas (encontradas em Gênesis 14:17-20) com o propósito de mostrar, (1) o caráter moral de Melquisedeque; o seu nome é composto de duas palavras cujo significado é rei de justiça, e, ele é rei de uma cidade cujo nome significa paz, o que para o escritor, mostra que ele é um rei caracterizado pela justiça e seu reino caracterizado pela paz, (2) apresentar sua grandeza ante Abraão e sua descendência e (3) mostrar que a ordem de Melquisedeque existia muito antes da ordem aarônica.

3.3 – DIFERENÇAS ENTRE A ORDEM DE MELQUISEDEQUE E A ORDEM AARÔNICA.

3.3.1 - Primeira diferença – A ordem aarônica dependia da genealogia, e ordem de Melquisedeque das qualidades pessoais.

O sacerdócio aarônico dependia inteiramente da ascendência que o individuo pertencia. Tinha que ser descendente de Levi da família de Arão, Ex.28 e 29; Lv. 8 e 9; Nm.16,17 e 18. Sob a lei judia ninguém podia ser em sacerdote se não pudesse comprovar uma árvore genealógica ininterrupta e certificada que se remontasse até Arão. Aquele que não possuía esta genealogia não podia ser sacerdote por nenhuma razão. O caráter e a capacidade nada tinham que ver com o sacerdócio. A única coisa essencial era a árvore genealógica. Quando os judeus voltaram do exílio a Jerusalém algumas famílias sacerdotais não puderam exibir seus registros genealógicos e por isso foram excluídas do sacerdócio (Ed.2:61-63; Ne.7:63-65). Por outro lado, se alguém pudesse comprovar sua ascendência até Arão, ninguém poderia impedir tal individuo de ocupar sua posição como sacerdote, com exceção no caso de alguma deformidade conforme Lv.21:16-24. Pertencer à ordem aarônica era um privilégio único, não era para quem quisesse, mas, apenas para quem podia por nascimento.

Melquisedeque não tem esta linhagem, sequer pertence à descendência de Abraão, sem pai e sem mãe, sua genealogia não é apresentada, o que é totalmente contrário ao padrão do Gênesis, em que todos os vultos de renome têm sua genealogia apresentada. Kistemaker, (2013, p. 258), vai além:

“A idade de Melquisedeque também não é mencionada. No entanto, em relação a todas as outras pessoas proeminentes na história da salvação, essa informação genealógica é fornecida (por exemplo, Adão viveu 930 anos [Gn.5.5]; Noé, 950 anos [Gn.9.29]; e Abraão, 175 anos [Gn.25:7]). Melquisedeque, portanto, é único. Ele não se encaixa nas genealogias registradas em Gênesis. Ele parece pertencer a uma classe diferente”.

Segundo Barclay (1982, p.73)

“O sacerdócio aarônico dependia da ascendência genealógica: o de Melquisedeque das qualidades pessoais e só destas. O sacerdócio de Melquisedeque se baseava no que era e não no que tinha herdado. Como o expressa um investigador, é a diferença entre um direito baseado na legalidade e um direito baseado na personalidade. Em primeiro termo e sobre tudo o novo sacerdócio se baseia nas qualidades pessoais e só nestas.”

Melquisedeque não recebeu o cargo de sacerdote de maneira hereditária, por seu pai ou avô terem sido sacerdotes antes dele, assim como também ele não estabeleceu uma linhagem sacerdotal, uma vez que não há registro de nenhum filho que pudesse ter sido seu sucessor. Ele recebeu seu sacerdócio direto de Deus. Logo a ordem sacerdotal de Melquisedeque é superior à ordem aarônica.

3.3.2 – Segunda diferença – A ordem aarônica é temporal, a de Melquisedeque é atemporal.

Em Nm.20:22-29 temos o relato da morte de Arão, mostrando-nos a temporalidade da ordem. Temporalidade esta que é bem vista em I Cro.6:1-16, onde temos a genealogia do sumo sacerdote que remonta até o cativeiro babilônico, de Arão até Jeozadaque, passaram-se vinte e três gerações de sumos sacerdotes.

Todavia, ao falar da ordem de Melquisedeque (mais uma vez a partir do silêncio das Escrituras) o autor aos Hebreus diz: “que não tem princípio de dias, nem fim de vida”, ou seja, não temos nenhum registro de seu nascimento, e nem de sua morte, logo ele é atemporal. Arão e os demais sumos sacerdotes após ele passaram, diz o escritor aos Hebreus “aqui, na verdade, recebem dízimos homens que morrem” (7:8) , mas acerca de Melquisedeque diz “mas ali os recebe (dizimo) aquele de quem é testificado que vive” (7:8) , e ainda “permanece sacerdote continuamente” (7:8).

3.3.3 – Terceira diferença – A ordem aarônica recebia os dízimos, Levi em Abraão pagou o dizimo a Melquisedeque, (Hb.7:4-10)

O autor sagrado agora passa a interpretar um fato histórico, Abraão pagou o dízimo a Melquisedeque, Gn.14:20.

Pela Lei, o dízimo era destinado à tribo levítica, aos sacerdotes desta tribo. Eles recebiam e se mantinham dos dízimos, porque não tinham herança e cuidavam do Templo de Deus, a Casa do Senhor, para onde os dízimos eram levados, Lv.27:30-33; Dt.12:17-19; 14:22-29; 26:12-15; Nm.18:21,24,26-29.

O autor de Hebreus diz “a lei de Moises exigia que os sacerdotes, os descendentes de Levi, recebessem o dizimo de seus irmãos israelitas” (Hb.7:5 – NVT), os levitas deveriam recolher o dízimo e dar a décima parte aos sacerdotes, Nm.18:28.

Barclay, (1982, p.74, apud A. B. Bruce), comenta:  

“A. B. Bruce sintetiza desta maneira os pontos nos quais Melquisedeque é superior ao sacerdócio ordinário levítico: (a) Recebeu os dízimos de Abraão e, portanto, era superior a Abraão. Abraão foi um dos patriarcas; os patriarcas são superiores a seus descendentes; portanto Melquisedeque é maior que os descendentes de Abraão. Os sacerdotes comuns são descendentes de Abraão; portanto Melquisedeque é maior que eles. (b) Melquisedeque é maior que os filhos de Levi porque estes podem exigir dízimos por uma prescrição legal; mas ele o fez como um direito que possuía pessoalmente e que ninguém lhe concedeu. (c) Os levitas recebiam dízimos como homens mortais; Melquisedeque os recebeu como alguém que vive para sempre (Hebreus 7:8). (d) De fato pode-se dizer que Levi, a quem os israelitas pagavam o dízimo, tinha pago o dízimo a Melquisedeque, porque aquele era neto de Abraão e, portanto, estava no corpo de Abraão quando este pagou os dízimos.”

3.3.4 - Quarta diferença – A ordem de Melquisedeque foi estabelecida por juramento divino, a aarônica pela lei

O sacerdócio levítico iniciou-se com uma ordem “Faze também chegar a ti Arão, teu irmão, e seus filhos, dentre os filhos de Israel, para me servirem no ofício sacerdotal” (Ex.28:1), o escritor aos Hebreus diz “pois aqueles, na verdade, foram feitos sacerdotes sem juramento” (7:21), para mostrar que todo o sistema era mutável e poderia ser abolido, mas acerca do sacerdócio de Cristo segundo a  da ordem de Melquisedeque se diz “O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre” (Sl.104:4; Hb.7:21), a ordem de Melquisedeque foi confirmada com juramento, um juramento imutável! Uma lei pode ser anulada, mudada, mas um juramento não, um juramento dura para sempre!

4 – CONCLUSÃO.

Haveria muito ainda que dizer sobre Melquisedeque, por exemplo, o fato de ele ser rei de justiça e rei da paz, todavia, já em muito tendo me alongado, penso que por hora é suficiente para responder (ainda que penso que no decorrer do texto já respondi) as perguntas propostas para o debate de hoje. Mas de modo sucinto passo as respostas:

01. Jesus e Melquisedeque são nomes que se referem ao Homem Eterno?

R. Não. Um é Jesus outro é Melquisedeque, pessoas distintas, um é eterno, Jesus, o outro apesar de não termos na bíblia relato de seu nascimento e morte, como homem histórico, nasceu e morreu. Como já expus no texto, o autor sagrado usa do silêncio das Escrituras para firmar o ponto doutrinário da atemporalidade do sacerdócio de Cristo.

02. Qual foi a ordem de Melquisedeque na Bíblia?

R. Uma ordem superior, eterna. Não era uma ordem étnica, pois não provinha de um povo, uma nação. Não estava sujeita às leis mosaicas, que estabelecia a tribo de Levi e a família de Arão e sua descendência como ocupantes do sacerdócio. Cristo não era da tribo de Levi, era da tribo de Judá, todavia o escritor aos Hebreus diz que Ele é “sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb. 7:17)

03. A Carta aos Hebreus diz que esse Melquisedeque é semelhante ao Filho de Deus, sem princípio de dias e sem fim de existência?

R. Sim. Temos que notar que não é o Filho de Deus que é semelhante a Melquisedeque, mas sim Melquisedeque que é semelhante ao Filho de Deus. O fato das Escrituras não apresentar sua genealogia, logo sem pai e sem mãe, sem principio e nem fim de dias o faz semelhante a Cristo. Segundo Kistemaker (2013, p.258), “Ao comparar :Melquisedeque com Jesus, o autor usa a palavra ‘como’ (7:3,15), porque vê similaridade. Ele não diz que os dois são idênticos, somente compara e destaca a semelhança”.

04. Melquisedeque não é explicado, mas apenas afirmado?

R. Sim, em nenhum momento as escrituras tem o intuído de explicar Melquisedeque, mas apenas faz afirmações, sobre ele. O escritor ao Hebreus em nenhum momento tem Melquisedeque como objeto de sua explanação, mas sim o Filho de Deus.

5 – BIBLIOGRAFIA.

BARCLAY, William. O Novo Testamento Comentado por William Barclay. Trad. Carlos Biagini. 1983

CHUMASH: O Livro de Gênese: com comentários de Rashi, Targum Onkelos, Haftarot e comentários compilados de textos rabínicos clássicos e das obras de Rebe de Lubavitch / compilado e adaptado por Rabino Chaim Miller; tradução Miriam Pomeroy, 2. Ed., São Paulo, Maayanot, 2015.

ELEUTÉRIO, João Marques. A receção da figura de Melquisedeque na

literatura cristã latina. Didaskalia, nº 45, vol. 2

FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Comentário Pastoral da Bíblia King James Atualizada - Gênesis. Abba Press, 2012

FLANIGAN, J. M. Comentário Ritchie. Edições Cristãs e Shalom Publicações. Ourinhos, SP, 2001

GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. Editora Vida. São Paulo, 2014

GUTHRIE, Donald. Hebreus, Introdução e Comentário. Edições Vida Nova. São Paulo, 2020

KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento. Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2013

LOPES, Augustus Nicodemus. Interpretando o Novo Testamento – Hebreus. Editora Cultura Crista. São Paulo, 2016

OSBORNE, Grant R. Comentário Expositivo Novo Testamento – Carta aos Hebreus. Editora Carisma. São Paulo, 2022

PENTECOST, J. Dwight. Hebreus. Chamada. Porto Alegre RS. 2021

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento: Volume II. Geográfica Editora. Santo André, SP, 2019

 



[1] Essa informação também é citada por Osborne, Grant R. Carta aos Hebreus. São Paulo, Editora Carisma, 2022, pag.171

[2] “Nos primeiros séculos da Igreja cristã, era comum (Melquisedeque), ser descrito como um anjo encarnado, no tempo de Orígenes, Jeronimo e Agostinho”. Gardner, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada, São Paulo. Editora Vida, 2005

[3] O autor anónimo, do tempo dos pais da igreja, conhecido como Ambrosiaster defendia a ideia, de Melquisedeque ser o Espirito Santo. Dizia ele que o rei sacerdote tinha que ser alguém sobre-humano, superior aos homens, e Melquisedeque por ser um de rei de justiça e de paz, é apresentado, por Ambrosiaster como sendo uma personificação do Espírito Santo, da terceira pessoa da Trindade.

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