segunda-feira, 30 de março de 2015

PAI





          Hoje acordei lembrando-me de minha infância. Sou o caçula de uma família de cinco filhos. Meu pai, um grande homem, trabalhava muito pra nos sustentar. Não tínhamos casa própria, pagávamos aluguel, por este motivo muitas vezes meu pai cumpria jornada de até dezoito horas de trabalhos, para que nada faltasse em casa. Ele era vigilante noturno e só passava uma noite por semana em casa. Lembro-me que as casas em que moramos, eram simples e pequenas, mais uma em particular me deixava assustado. Era uma casa de dois quartos, um banheiro e uma cozinha. A janela do quarto em que eu e meus irmãos dormíamos era de madeira e havia brechas entra as tabuas. Quando as lâmpadas se apagavam, a luz do luar criavam sombras nas paredes do quarto, e aquilo me assustava muito. Por muitas vezes – quase todos os dias – eu ia ao quarto de meus pais e ficava na porta observando minha mãe dormindo, até que ela acordasse e me chamasse para deitar com ela. Mas na noite em que meu pai estava em casa, eu não tinha medo. As sombras nas paredes não me assustavam, eu dormia tranquilamente, pois sabia que meu pai estava em casa e ele me protegeria de todo o mal.
     A figura de meu pai me transmitia segurança e proteção.
     O tempo passou, me casei, tenho filhos e agora penso: será que eles procuram essa figura protetora em mim? Será que transmito a eles a segurança que meu pai transmitia a mim? Sinceramente não sei, nunca lhes perguntei. Mas ao fazer uma analise introspectiva, vejo que ainda tenho medos, não os mesmos que tinha na infância, estes se foram, agora sou assombrado por medos maiores, mais complexos, que tenta me sufocar, que querem se tornar fobias, que querem me causar doenças psicossomáticas e me aprisionar num labirinto de horror invisível.
     A nesta hora que Deus se apresenta, como um pai amado, que me enche de seu amor, lançando fora o medo, tirando toda a confusão mental, enchendo meu coração de paz. Mostrando-me que nas noites mais escuras, Ele estará a me proteger. Ele não dormirá, não tosquenejará, para que eu esteja em segurança. Ele me mostra que não preciso ter medo dos perigos da noite e nem de assaltos durante o dia. Ele me da à liberdade de lhe chamar de “meu pai”, meu papai!
     Como um pai amoroso, ele me cerca por diante e por detrás e sobre mim põe sua mão, e quando eu lhe busco, mesmo sendo de madrugada, eu o encontro disponível pra me ouvir. Ele ouve meus lamentos, meus dilemas, minhas falhas e faltas, quando lhe confesso meus erros e pecados e lhe digo que me sinto sujo, Ele me lava, troca as minhas roupas, me faz sentir amado.
     Reconheço então que Ele sempre esteve presente em minha vida. Sim, Deus é meu pai, sempre serei seu filho!

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